sábado, 31 de agosto de 2013

Dor acesa




Quando tudo que há em mim

Houver sangrado

Enquanto, até a última árvore tombar

Cicatrizes na terra

Ferida, dor, angústia, espera

Para o fim que se insinua

Ao rio que navega em mim.

Dor acesa.

Sobre a pálpebra

O pesar

Da lágrima

Que sepultará a terra,

Ao silêncio

Do passado que restar
 
 
Imagem: Angela Gomes

domingo, 25 de agosto de 2013

Sambaqui





                 
 
Esculpido em rochas,

No monumento das conchas,

Fragmentos humanos.
 
 
 
Foto: Juliane Grinberg. Zoólito, acervo LEPAARQ, UFPEL, RS.
 

Artemporal

               Foto: Angela Gomes. Pinturas rupestres da Serra da Capivara, PI



Gravado na fronte


Da fronte do tempo...

Em segredo,

Sagrado de cores

Perpetuando homens e animais.

Grafismos idiossincráticos,

Virtuais.

Observando olhares,

Subvertendo paisagens,

Transgredindo movimentos e imagens.

Nas rochas,

Poesias artemporais.


 

sábado, 24 de agosto de 2013

Viagem




Sonhos do homem que voo

Para além das fronteiras do tempo...

Para além de todas as manhãs.

 
Pôde ver estrelas, anéis de asteroides,

Quasares, cometas...

Além de poder navegar pelo espaço.

 
Apenas não pôde ver e ouvir os pássaros,

Nem os outros animais;

As árvores, as montanhas, os vales e os riachos.

 
Também não pôde ver nem ouvir o mar,

E os sonhos de um planeta

Que deixou para trás.

domingo, 18 de agosto de 2013

Ensaio


guardei teu azul
nas vidrarias e na porcelana.
no cadinho, coloquei para secar
teorias e ensaios.
teu azul coloriu de sonho
o que não havia para sonhar.
acordo mudo mútuo refratário.
no cadinho, coloquei para secar.
no laboratório de ensaios
as vidrarias quebradas
as cruzes retorcidas
tudo já foi usado.
em qual vidro restará
o que não foi apagado?
em qual estudo ressurgirá
do cadinho de porcelana trincado
o resto da tinta do teu olhar?

 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Secreto






















No sé su nombre
No sé sus ojos
No sé su color
No veo sus árboles
No piso las hojas secas
Que desconstruyeram sus otoños
Pero siento lo que tocó.
Su alma bayla
En la llama del fuego
Que el viento sopló




Imagem da web: Remedios Varo - Homo Rodans, 1959.